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CR-2 É POSSÍVEL UM OUTRO TURISMO? Segunda Edição

Inscrições fechadas

Início das aulas no dia 7 de março de 2024,
às 20h (Brasília, Buenos Aires) e às 18h (Cidade do México, Bogotá)

Duração do curso: 5 encontros quinzenais.
 
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PROPOSTA

O conhecimento e saberes produzidos pelos sujeitos e instituições às quais representam concernem a experiências, vivências, disputas de poder, rupturas e aprendizagens concretas percebidas entre si historicamente, sendo estes mais do que simplesmente produtos de uma sociedade, uma vez que olhar somente como um produto reduz/empobrece a materialidade destas experiências. Neste sentido e a partir desta afirmação, podemos pensar que a ciência, a técnica e tecnologias produzidas estão em constante busca de uma dita verdade considerada socialmente aceitável e abarcadora espacialmente para determinadas sociedades, pautadas sobretudo pela refutação/confirmação de fundamentos anteriormente estabelecidos e da ressignificação de paradigmas, inclusive dando outros sentidos aos espaços habitados/circulados por estes sujeitos.
Basta pensarmos nas diferentes metamorfoses que estes espaços habitados/circulados sofreram com o tempo, bem como nos diferentes tensionamentos entre grupos: os que nele o habitam/habitaram permanentemente, grupos que estão de passagem, a relação com a própria natureza e, mais do que isto, o que se entende por natureza. Esta é uma das razões que se é possível enxergar, por exemplo, o turismo enquanto um fenômeno sócio/cultural, para além de indicadores econômicos e técnicos da infraestrutura presente nos espaços, que comumente podem dominar a caracterização da atividade e a apresentação desta para a sociedade, embora sejam importantes. Neste sentido, afirma-se que são totalmente falaciosas as afirmações, comumente presentes em alguns currículos universitários, de que o turismo surgiu com o sistema capitalista.
Em outras palavras: pensar o turismo, enquanto fenômeno sócio/cultural, remete enxerga-lo enquanto prosa e poesia em movimentos, diálogos e tensões, que devem estar ao alcance de viajantes e da população local, uma vez que conforme Michel Alves Ferreira e Lindamir Salete Casagrande (2020, p. 151)

A intenção é fugir da cotidianidade, mas, ao mesmo tempo, o viajante recria no destino turístico as suas vivências particulares, combinadas com a interpretação do fenômeno que lhe é oferecida durante sua permanência no lugar.

Ocorre que comumente estes fenômenos não somente podem ser cooptados por um viés fomentista/economicista do turismo, mas também perpassam por uma descaracterização das experiências e vivências (tanto da comunidade quanto de quem é viajante) pautadas por violações da dignidade humana, determinando que tipo de grupo social pode ou não frequentar, consumir e afetar-se nestes espaços. Violações estas, é bom destacar, fundamentadas em elementos racistas, sexistas, políticos, territoriais, geracionais, coloniais, de gênero... e de tantos outros marcadores que estão simplesmente à serviço de um turismo de massa e dito global.
A proposta deste curso é estabelecer diálogos/reflexões coletivos acerca do turismo enquanto um fenômeno, para além dos indicadores dispostos em agências de fomento do turismo, órgãos oficiais locais e internacionais. Não se trata de propor receitas ou somente estabelecer uma crítica esvaziada, mas sim conhecer, às pessoas que se dispuserem a participar conosco, vivências concretas que denunciam notadamente o racismo, o sexismo e o classismo presentes nesta manifestação do turismo na cotidianidade. 
Por fim, a pergunta título “É possível um outro turismo?” não pretende ser respondida de modo dicotômico, maniqueísta e/ou determinista pelo proponente deste curso. É uma provocação que seria interessante (e por conseguinte, saudável) estar, a todo instante, nas mentalidades de quem viaja e/ou pretende viajar.
Com relação à ementa deste curso, propõe-se: 
- considerações sobre o fenômeno turístico e as violações das dignidades/diferenças, para além de alguns entendimentos/imposições sobre este campo;
- vivências, experiências e limites de grupos/sujeitos que atuam, entendem e discutem o fenômeno turístico;
- discussão/proposição de caminhos outros que apontem possibilidades e limites de outros turismos, a partir das/dos participantes do curso.
 
b)    Objetivos

1-    Objetivo Geral: 

Conhecer vivências concretas que denunciam notadamente o racismo, o sexismo e o classismo presentes nas diferentes manifestações do turismo, a partir de textos sugeridos e das diferentes cotidianidades das/dos participantes. 

2 – Objetivos Específicos:

•    Buscar conhecer um pouco de cada participante do curso.

•    Discutir, a partir dos textos e exemplos, como as experiências e vivências no turismo podem ser completamente violentas ou promotoras de fenômenos que respeitem as diferenças de quem viaja e de quem é do destino turístico. 

•    Propor coletivamente, ao fim do curso, se é possível pensar em outro turismo e a partir de quais parâmetros. 


c)    Breves apontamentos metodológicos


* Apresentação/votação desta proposta às/aos participantes, bem como dos temas e textos sugeridos.

* Estímulo de reflexões/diálogos entre proponente e cursistas, através do levantamento das teses centrais de cada texto com as vivências pessoais sobre o tema.
* verificação de como se dá (ou não) a apreensão dos temas propostos por todos. Não se trata de uma avaliação seriada, porque não é este o objetivo, mas entender como os temas de cada encontro promovem afetos. Até porque essa verificação será importante para se pensar em uma proposta ao fim do curso.

d)    Produto final coletivo a ser posto
    
É possível um outro turismo? Se sim, como? Se não, por que?  - Pode ser um texto coletivo pensado pelas/os participantes do curso ou algo que faça sentido para cada grupo. Isso será posto no primeiro encontro, pensado durante os demais seis encontros e no último será discutido o fruto do caminho percorrido.

 

Programa Proposto

1) 07/03 (quinta) - Apresentação/discussão da proposta do curso e modificações da mesma coletivamente; encaminhamento da dinâmica proposta. Compartilhamento/socialização de cada participante do curso: quem sou eu? Como me vejo no mundo? Como as outras pessoas me veem? Como foram minhas vivências em viagens? Encaminhamento da dinâmica proposta para o segundo encontro.

2) 08/03 (sexta) – Espaços, (r) existências e o turismo 1: socialização/discussão do texto Erik Olin Wright e as possibilidades do turismo pós-capitalista

Link: https://periodicos.unb.br/index.php/abya/article/view/48231/38607

 

3) 14/03 (quinta) – Espaços, (r) existências e o turismo 2: socialização/discussão dos textos sobre Sojourner Truth (p. 59-69) e sobre a Experiência da Rua Illampu, presente no texto de Silvia Rivera Cusicanqui ‘Clausurar el pasado para inaugurar el futuro. Desandando por una calle paceña”  

Links: <https://www.traficantes.net/sites/default/files/pdfs/Feminismos%20negros-TdS.pdf> (Sojourner Truth)

<http://www.agenda21culture.net/sites/default/files/files/documents/minidocuments/src_article_spa.pdf> (Silvia Cusicanqui).

 

4) 15/03 (sexta) – Espaços, (r) existências e o turismo 3: socialização/discussão do artigo Movimentos, tecnologia e pessoas negras: é possível um outro turismo?; discussão da experiência do Diáspora Black (Brasil).
Links: < https://periodicos.ufrn.br/turismocontemporaneo/article/view/19551/12727>;
<https://diaspora.black/> (Diáspora Black)

 

5) 21/03 (quinta) – Espaços, (r) existências e o turismo 4: socialização/discussão dos textos anteriores, combinadas às vivências pessoais/coletivas; resolução da pergunta título do curso: é possível um outro turismo? Se sim, como? Se não, por que? – encontro final celebrativo, avaliativo, colaborativo. Apresentação da proposta resultante deste curso.

 

Bibliografia

 

CAÑADA, E. Erik Olin Wright e as possibilidades do turismo pós-capitalista. Revista sobre Acesso à Justiça e Direitos nas Américas, Brasília, v.7, n.1, p.7-25, jan./jun. 2023.

Disponível em: <https://periodicos.unb.br/index.php/abya/article/view/48231/38607>. 

FERREIRA, Michel Alves; CASAGRANDE, Lindamir Salete. Movimentos, Tecnologia e Pessoas Negras: é possível um outro turismo? Revista de Turismo Contemporâneo, v. 8, n. 1, p. 149-167, 30 abr. 2020.

Links: https://periodicos.ufrn.br/turismocontemporaneo/article/view/19551/12727>;
<https://diaspora.black/> (Diáspora Black)

 
TRUTH, Sojourner. Sufragio femenino. In: JABARDO, Mercedes (org.). Feminismos negros: una antologia. Madrid: Mercedes Jabardo y Traficantes de Sueños, 2012, p. 59-69.

Links: <https://www.traficantes.net/sites/default/files/pdfs/Feminismos%20negros-TdS.pdf> (Sojourner Truth) e <http://www.agenda21culture.net/sites/default/files/files/documents/minidocuments/src_article_spa.pdf> (Silvia Cusicanqui).

 

Idioma no qual serão oferecidas as aulas: português

Idiomas de comunicação dx docente: português e espanhol

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Michel
Ferreira

Brasileiro, latino-americano e pessoa negra que lutou muito para buscar um futuro diferente daquele imposto pela violência de gênero, racial, econômica e social/educacional, todas elas lamentavelmente tão comuns em nossos territórios. Graduei-me em Turismo (Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE/Brasil), sou mestre em Tecnologia e Sociedade (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e futuro doutor, também em Tecnologia e Sociedade. Fui docente de cursos técnicos e profissionalizantes na cidade de Curitiba. Militante de coletivos afro e LGBTI. Amante da América Latina, gatos, viagens, pessoas, livros, cervejas, comidas. Meus interesses de diálogo são estudos raciais, turismo, educação, diversidade sexual/gênero.

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