PROPOSTA
Este curso dialógico busca uma experimentação coletiva para análise das redes de relações sociais que se organizam em torno de um determinado tema ou acontecimento, tendo como base uma análise prévia da conjuntura na qual os atores presentes nessa rede estão envolvidos.
Com esta proposta, busco ampliar e discutir as experiências realizadas em minha pesquisa de doutorado em arquitetura e urbanismo com enfoque na área gestão do patrimônio cultural. No marco dessa pesquisa, tenho conseguido dialogar com uma diversidade de interesses (criar redes, diagramar experiências) a partir de diferentes lógicas de ação política, econômica e social. Esse diálogo é trabalhado através de uma elaboração teórico instrumental que contribua para nos deslocar do atual estado de plateia --onde no palco estão as decisões tomadas entre o poder público e o setor privado-- para a posição de pensadores/criadores, estratégicos e táticos com ideias e ações que incidam no campo do patrimônio e em outras dimensões da vida coletiva.
A análise de conjuntura contextualiza os acontecimentos considerando as articulações macro e micropolíticas, que atuam como pano de fundo dos mesmos, dentro de um exercício de análise, observando a lógica dos poderes em disputa e/ou em articulação. Segundo o sociólogo Herbert de Souza, há dois modos de leitura dos acontecimentos (da conjuntura política): pela lógica do poder dominante e pela oposição a este, empreendida pelos movimentos populares e demais classes subordinadas. No processo dessa leitura se pode perceber o jogo segundo o qual, a dinâmica trajetória dessas forças (ou de parte dessas) oscilam em um movimento de ascensão e queda (SOUZA, 2014). No primeiro modo, a leitura se faz no campo de domínio político, acadêmico ou especializado, como forma de produzir arranjos e/ou conduzir a rearranjos sociais para que determinado discurso seja formado sobre a realidade, criando uma versão desta. No segundo parte-se dos “acontecimentos social e historicamente determinados, existentes, concretos” (SOUZA, 2014, p. 15) para se opor ao discurso hegemônico e apresentar alternativas baseadas em uma perspectiva de justiça social.
A Análise de Redes Sociais é uma ferramenta de elaboração teórico/prática baseada em métodos de investigação de campo (o campo aqui é entendido de forma mais ampla), que busca analisar e compreender uma determinada estrutura social. Com essa ferramenta é possível acessar os interstícios e as dinâmicas que ocorrem entre as diferentes formas de redes/relações sociais, e que podem revelar o jogo de forças da conjuntura onde se movimentam.
Cronograma e temática dos encontros
Encontro 1: Debate sobre o tema de trabalho. Data: 01/03/2022
Apresentação dos participantes e do seu campo de interesse para trabalhar no curso (em torno de 05 minutos/participante + comentários da docente e dos demais participantes); debate sobre a definição e o levantamento preliminar do tema a ser trabalhado, baseado na tabela online “Participante” e que deverá ser previamente preenchida. No debate serão discutidos: que tema interessa trabalhar e quais os motivos para escolha desse tema.
Antes do encontro recomenda-se a leitura do livro: SOUZA, Herbert José de. Como se faz análise de conjuntura. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1bOTwytDzynvv4KWZwo37RtvuZWooniqv/view?usp=sharing>
Para o próximo encontro, deverá ser preenchida a tabela (online) “Quadro de conjuntura”.
Encontro 2: Debate sobre a conjuntura em torno de cada tema. Data: 08/03/2022
O debate será feito a partir do preenchimento prévio da tabela “Quadro de conjuntura” que traz as categorias que ajudam a compor os elementos para análise como, por exemplo, acontecimentos, atores, cenários, relação de forças e outras (em torno de 05 minutos/participante + comentários da docente e dos demais participantes).
Para o próximo encontro, recomenda-se:
A leitura do texto: PUJADAS, Juan. (coord). El análisis de las redes sociales. In: Etnografia. Barcelona, Editoral UOC, 2010. p. 110-116. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1FCd7rUTANBAhVsULVwyRYdHWhiDzqE9F/view?usp=sharing> (em espanhol)
Fazer um esboço do diagrama de redes que será usado para a exercício do método.
Encontro 3: Análise de redes (relações sociais): diagrama. Data: 15/03/2022
A partir do Quadro de conjuntura, dos debates realizados e do esboço de diagrama feito pelxs participantes, serão identificas, com o apoio da docente e dxs colegas, quais as categorias de análise que melhor trabalhem cada tema e, a partir dessas, será feita a revisão e os ajustes do diagrama esboçado (em torno de 05 minutos/participante + comentários da docente e dos demais participantes).
Encontro 4: Avaliação dos diagramas de redes e seus resultados. Data: 22/03/2022
Apresentação e discussão sobre os diagrama elaborados; síntese do curso e avaliação (em torno de 05 minutos/participante + comentários da docente e dos demais participantes).
Bibliografia que será trabalhada junto com xs estudantes
Os livros serão oferecidos em PDF, links abaixo. Recomenda-se a leitura prévia dos itens 01 e 02 antes do início do curso, ou segundo indicado no cronograma de aulas.
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SOUZA, Herbert José de. Como se faz análise de conjuntura. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1bOTwytDzynvv4KWZwo37RtvuZWooniqv/view?usp=sharing>
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PUJADAS, Juan. (coord). El análisis de las redes sociales. In: Etnografia. Barcelona, Editoral UOC, 2010. p. 110-134. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1FCd7rUTANBAhVsULVwyRYdHWhiDzqE9F/view?usp=sharing> (em espanhol)
Idioma no qual serão oferecidas as aulas: português
Idiomas de comunicação dx docente: português
Solange
Valladão
Baiana de Salvador, arquiteta e urbanista; doutoranda em arquitetura e urbanismo, na área de Gestão de Bens Patrimoniais. Pesquiso as mudanças ocorridas no século XXI nas lógicas (hegemônicas e contra-hegemônicas) que movimentam as disputas por patrimônio urbano no Centro Histórico de Salvador. Especialista em artes visuais e em fotografia; desenhista, roqueira sem tribo, fanática por acarajé e aquariana. Me interesso por: feminismo contemporâneo; arte, música e literatura fora da escala comercial; debates sobre o controle social das políticas públicas; patrimônio cultural popular e iniciativas culturais, políticas, ambientais, tecnológicas e educativas, que sejam populares, criativas, críticas e insubmissas.